UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADE
Por Ana Lúcia Alves
Dizem que sou sensível...pois vou contar onde aprendi a ser assim. Convivo a pelo menos 20 anos em hospitais cumprindo meu oficio de cuidar...e lá aprendi...Que paredes de hospitais, já ouviram preces mais sinceras e honestas do que em igrejas, já viram despedidas e beijos mais sinceros do que em aeroportos.
É no hospital que você vê um homofóbico sendo salvo pelo médico gay... A médica considerada Patricinha cuidando do mendigo. Na UTI você vê um judeu cuidando de um racista. Um paciente policial ao lado do bandido na mesma enfermaria, recebendo os mesmos cuidados.
É dentro de um hospital que você vê um paciente rico pronto para receber um órgão de um pobre. É nessas horas que o hospital toca na ferida das pessoas...de um universo que os cruzam em um único propósito, até divino...e nessas horas nos damos conta que sozinhos não somos ninguém, e que a verdade absoluta das pessoas só aparece no momento da dor, ou na ameaça real de uma perda definitiva.
No hospital é um local onde o ser humano se desnuda de suas máscaras e se mostram na sua verdadeira essência. Portanto me dei conta que essa vida passa rápido demais! Então beije mais seus amores, perdoem mais, amem mais, deixem os cachorros mais por perto, usem seu perfume predileto, não deixem as taças para as ocasiões especiais. Talvez elas nem cheguem.
Viva o hoje.... O amanhã e apenas um talvez.