SOBRE A UNIDADE DAS ESQUERDAS
Por Rose Rolim
União na esquerda há. A questão é que as uniões são em torno de metas diferentes. Alguns setores da esquerda querem combater o golpe, outros setores querem aderir ao regime golpista. A parte que quer combater o golpe está unida nas ações que podem levar ao restabelecimento da democracia com o restabelecimento do governo eleito.
A parte que quer aderir como a esquerda legitimada pelo regime está unida em ações que façam a burguesia ver que ela é inofensiva e aberta a "negociações", incluindo-se aí a deslegitimação de movimentos de resistência que não são alinhados com ela e a legitimação do golpe por meio da defesa de #DiretasJá em pleno sequestro da democracia.
Resta a cada militante decidir se quer combater o golpe ou aderir ao regime e, a partir daí se unir àquela parte da esquerda que tiver projeto que lhe atenda. Não se trata aqui de escolha emocional, do tipo "vamos todos dar as mãos e fazer uma ciranda". Trata-se de questão política: aliar-se com aqueles que lutam pelo mesmo objetivo.
É Golpe! Golpe é guerra! Guerra exige que se saiba diferenciar quem é aliado, quem é inimigo e quem é aliado do inimigo sob pena de ser-se derrotado sem nem se conseguir dar um tiro. A maioria das organizações de esquerda, hoje, desde as direções até as bases, não está unida na questão do golpe. E, pior das situações, poucas pessoas dentro da esquerda estão entendendo que se trata de defender a democracia e todo um legado da esquerda brasileira na construção da Constituição Cidadã de 1988, não de salvar a esquerda, o PT ou o Lula. Salvar o Lula também faz parte da nossa luta. Mas sem a salvação da democracia, será preciso sacrificar o povo, os direitos fundamentais e o patrimônio do país para salvar o Lula.
Se há uma esquerda que se recusa a lutar pelo resgate da democracia, essa esquerda está do lado da direita neste momento, então ela é aliada do meu inimigo. Não há união possível nesse caso.
Foto: liberdadeliberdade2