POR UM SEGUNDO APENAS
Por Renato Uchôa (Educador)
Imagine por um segundo, que a covardia nos cegou, quando o roubo do mandato da presidenta Dilma foi consumado à luz das câmaras, sem pudor. Anunciado pelo ministro Ricardo Lewandowski, não fosse uma decisão conjunta do STF, nos parcos momentos de lucidez, em uma outra época, até hoje um pescador estaria apodrecendo em um presídio. Por ter pescado um cambo de peixes na Piracema.
Imagine por um segundo, deve ser longo o caminho entre o Congresso e o STF, as canelas devem doer, o bico e o salto do sapato alto pode quebrar; vez que um grupo de senadores/as e deputados/as intitulados pelo poder divino, grande parte deles se comporta como pau de lata, gritando no meio das negociações com a escória, desde que esteja no bolo. Foi assim e várias vezes, na eleição do gatuno anunciado que hoje preside a Câmara dos Deputados. Autoproclamam-se com o título pomposo de esquerda. E foram lá no STF, o coito do golpe, não mais do que meia dúzia, e sem ninguém. São raríssimos àqueles que não estão preocupados apenas com o mandato, processo já desencadeado no salvem-se quem puder nas próximas eleições, em tendo.
Imagine por um segundo, em uma reunião do Clube dos Ladrões, em 31 de março de 2016, Dilma foi afastada definitivamente do cargo, que não era apenas dela, mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras. Expurgada por ser honesta, expurgada por não negociar os destinos do pais. Com as gangues que hoje atiram umas nas outras, para uma nova eleição indireta para escolher o chefe do tráfico de influência, o tráfego de dólares, organizar o trânsito de ladrões, para que as carretas não batam umas nas outras, e circulem no Brasil inteiro.
Imagine por um segundo, as eleições diretas podem ser a saída das elites, excluindo Lula do processo, e se livrarem definitivamente do julgamento da traição ao Brasil, com a não devolução do mandato da presidenta Dilma. A anulação do Golpe no STF, que se comporta como uma sucursal do Céu aqui na Terra, bastando apenas que as direções da esquerda, que desde o mensalão só dobram à direita no semáforo da conjuntura antes e depois do golpe, acelerem e nada de freio em direção ao Supremo, é bater e bater.
Imagine por um segundo, àqueles que colocam as eleições diretas como uma capacidade concreta dos movimentos sociais impor, se podem, podem também, acredito eu, impor pela força das mobilizações a anulação do golpe. Dilma já deixou claro, em voltando convocará as eleições.
Imagine por um segundo, nós somos apenas latinos/as americanos sem direção, sem rumo, e sem dinheiro no bolso. Mas, com capacidade de nos unirmos e derrotar os golpistas. É a visão estarrecedora que perpassará as nossas vidas, por gerações, na falta de compreensão da conjuntura.