O TRISTE ADEUS
Por Carla Carretta Kunze
Desde o falecimento de meu irmão Nelson Kunze Filho, no dia 5 deste mês, não consegui escrever mais nada, tamanha a tristeza e ódio que tomaram meu coração e minha mente. Pois hoje me deparo com esse relato da amiga Sueli, cujo irmão morreu na noite passada praticamente na mesma situação que o meu irmão. Tal qual o irmão da Sueli, meu irmão morreu esperando atendimento, internado mal e porcamente naquele posto da Cruzeiro, o verdadeiro inferno na Terra, esperando vaga em um hospital.
Sem atendimento e medicação, os dois morreram da mesma consequência: septicemia, ou seja, infecção generalizada. Da mesma forma que eu, Sueli e a família entraram com ação por meio da Defensoria Pública para conseguir internar o irmão. Mas nem assim se consegue tratamento digno.
De minha parte, irei processar a Prefeitura por não cumprir a ordem judicial de internar meu irmão. E mais: irei processar a médica que comandava o plantão no dia em que ele chegou no posto da Cruzeiro, porque essa mulher, essa médica dos infernos me manteve encarcerada lá dentro da ala dos pacientes por uma noite inteira, acusando-me de maus tratos e mentindo à sua equipe médica e à equipe privada de segurança que havia uma ordem judicial de detenção contra mim, quando na verdade eles eram os réus e eu a requerente.
Só me libertaram do cárcere privado às 7h da manhã, passei uma noite gelada, chuvosa, sentada num banco duro e toda molhada da chuva, com frio, com fome, sem poder nem tomar água ou fazer xixi, sem poder dar nem um telefonema e presa atrás de uma porta de ferro com quatro guardas armados.
Nem a BM (Brigada Militar) me tirou de lá, pelo contrário, apoiou a decisão da médica de me manter presa. Nem a polícia me defendeu! Não vou deixar barato nada disso que aconteceu, e aconselho a quem passar por isso que faça o mesmo, processe, pois, só fazendo isso é que a Prefeitura vai pagar por sua incompetência e vai tomar providências para que funcione o sistema de internações.