O JOÃO SEM BRAÇOS DO GOLPE
Por Kátia Fadel
Engana-se quem pensa que o prefeito JOÃOTRABALHADOR está fazendo sua política de higienização apenas com dependentes de crack e outras drogas na cracolândia, em São Paulo. Vai além, muito além. As pessoas que hoje estão em situação de rua, sejam pelo desemprego (que é a maior causa), desamparo familiar e total invisibilidade pelo poder público, também estão sofrendo com sua política de exclusão e falta de senso humanitário e visão política.
No bairro do Brás, por exemplo, o prefeito tem feito um trabalho que vai madrugada adentro, retirando dos moradores de rua seus cobertores e até o papelão que usam para deitarem em cima, principalmente quando chove e faz frio, para que estas pessoas saiam de São Paulo, a "cidade limpa".
O que tenho visto no bairro é estarrecedor. Ninguém mais dorme, tamanho o medo de serem mortos sabe-se lá por quem. Procuram por abrigos inutilmente, pois estes se encontram lotados. Os que conseguem vender alguma coisa, (sim, porque a quase total maioria trabalha catando papelão, latinhas, vendendo carretel de linha, guardanapos, etc.) não conseguem comprar um cobertor que custa em média 20 reais que será retirado no outro dia pela polícia metropolitana ou por grupos que rondam o bairro de carro sem qualquer identificação.
Famílias inteiras, com crianças de colo, estão pegando suas trouxas, num caminho longo e cheio de incertezas para outras cidades, tentando fugir da violência com que estão sendo tratadas. O JOÃOTRABALHADOR, que gosta de se vestir de gari, incorpora o higienista e tenta retirar de sua frente pessoas como se fossem lixo e mostra que o TOC com que tem que lidar em sua vida pessoal, também se estende, e muito, para a sua vida pública.