O fascismo ameaça o BRASIL.
Por Élcio Caldas
Sempre fui de esquerda, faz parte da minha natureza. Sempre me indignei com as desigualdades entre os seres humanos; com justiça social, com a falta de oportunidades, com saúde, educação, segurança e cidadania para todos, como deveres de Estado. Sempre me incomodou o fato do Brasil, apesar de seu imenso território, população, abundância de recursos e riquezas naturais, ser um dos países mais desiguais do mundo.
Assim, quando o PT chegou ao poder e começou a investir no resgate de milhões de brasileiros da miséria mais absoluta meu coração encheu-se de esperança. Finalmente o Brasil deixaria de ser aquele país grande sem futuro, o gigante eternamente adormecido. Mas, após apenas pouco mais de uma década, para minha tristeza, percebo que o Brasil começa a voltar a ser novamente o país injusto que sempre foi, onde as esperanças para os mais pobres sempre foram praticamente inexistentes.
Eu me pergunto: como foi possível isso acontecer? Bem, boa parte da responsabilidade reside nos monumentais erros de condução política do PT, como aliar-se ao que de mais desprezível sempre existiu na política brasileira, aceitando as regras da democracia burguesa e menosprezando a capacidade de reação das nossas mesquinhas elites econômicas e culturais, aquela minoria de pessoas que sempre dominou com mãos de ferro o cenário político, econômico e cultural brasileiro. Fora isso, percebo que a direita brasileira aglutinou-se e aqueles partidos considerados de centro, como o PMDB, moveram-se cada vez mais para a direita, no espectro ideológico brasileiro.
Tudo começou em 2010, quando o candidato Serra trouxe para o debate político temas caros a extrema direita. De lá para cá, num crescente, os partidos de centro, de centro-direita e mesmo de centro-esquerda, como o PSB, moveram-se todos para a direita, a ponto de confundirem-se. Na extensa lista de partidos brasileiros a maioria é de direita, independente do que digam seus estatutos, e suas ações estão todas voltadas para um único objetivo: acabar com o pensamento de esquerda e para a implantação de um governo fascista em que a precarização de direitos para a imensa maioria da população seja implantada, mesmo que à força.
Noto que esse protagonismo e predomínio do pensamento de direita no Brasil tornou o povo brasileiro mais seco, mais triste, mais amargo, mais intolerante e mais descrente de si mesmo. Os brasileiros sempre foram conservadores, mais por falta de informação e educação do que por ideologia. Mas agora a isso foi acrescentado o perigoso componente do pensamento fascista assassino, em que o ódio é predominante e que tanto já desgraçou a humanidade.
Se cada um de nós, que nos consideramos de esquerda, não lutarmos com todas as forças para reassumir o protagonismo dos valores de esquerda no Brasil, podemos dar adeus de vez ao sonho de um Brasil unido, mais justo e mais fraterno, porque a ideologia do ódio é altamente desagregadora e contagiosa e levará o Brasil, fatalmente, ao esfacelamento territorial e a guerras fratricidas, como já aconteceu em tantos lugares do mundo.
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