ESTÃO NOS FAZENDO DE BOBOS, BRINCANDO DE DEMOCRACIA.
Por Inês Duarte
Não pode haver perdão ao ministro Edson Fachin. Ele traiu o povo brasileiro, traiu a democracia, a Constituição Federal e traiu principalmente ele próprio, quando deixou de cumprir a missão que se comprometeu perante o Congresso Nacional. Não sentimos orgulho pelo legislativo que temos. Mas quando um poder falha, outro deve vir em socorro da legalidade, em socorro da Nação. Fachin se revelou um traidor, nada justifica sua atitude golpista, farsante e covarde. Entretanto, é bom ter um olhar para além das aparências.
Que homem tomaria a atitude correta encaminhando o pedido de HC para a 2ª turma de ministros garantistas, um time de primeira, constitucionalista, que com certeza daria a liberdade ao Lula e que depois volta atrás, atropelando a própria decisão, os colegas e o STF como um todo? Tem coisa aí nesse angú. Tem coisa muito grave! Isso ficará para a história e só depois de muitos anos saberemos, assim como sabemos hoje dos bastidores do golpe de 54 que culminou com a morte do Getúlio Vargas.
Por ocasião da candidatura de Dilma Rousseff em 2010, Edson Fachin, então como jurista, lê com entusiasmo um manifesto onde reconhece com os demais juristas do Brasil, as políticas sociais de Lula e garantem que devem prosseguir no governo Dilma. Acredito mais no Fachin do manifesto de 2010 do que neste que tem sido o homem do STF a compactuar com a Lava Jato do juiz de primeira instância.
Mas o ministro Edson Fachin, desonra e nega sua própria história, sua trajetória de vida. Não creio que o ministro responsável pela Lava Jato no STF, esteja visando apenas dinheiro e benefícios. Não esquecer que os casos da Lava Jato estavam nas mãos do ministro Teori Zavascki que teve morte "acidental", e demonstrava seriedade na condução dos processos de corrupção.
Teori certamente deu claros sinais de ser homem irredutível em seus julgamentos. Quando soube que o julgamento do HC de Lula, marcado para o dia 26/06/2018 havia sido arquivado antecipadamente por Fachin, senti como se tivesse havido um rompimento violento no equilíbrio natural que rege as leis e a justiça. Foi uma pancada na minha compreensão.
Por outro lado, temos um governo ilegítimo e corrupto no poder, cujas denúncias contra o chefe do bando, já estão devidamente arquivadas. pelo STF. Este mesmo governo ilegítimo que prestigia militares, oferecendo comando de combate ao tráfico nas favelas do RJ, que com a polícia, oprime cidadãos e mata crianças e adolescentes, estudantes filhos de família de bem.
Vemos um general das Forças Armadas interferindo na vida política do país, convidando para conversas reservadas, representantes de partidos políticos que tem missão coordenadora de campanha. Um general que sempre se pronuncia com recados no Twitter para STF, quando se trata de julgamento envolvendo o ex-presidente e mais uma vez candidato, Luiz Inácio Lula da Silva. Não nos iludamos, não somos um país livre.
Há muito tempo vivemos sob o controle dos militares. Estão nos fazendo de bobos e nos deixam brincar de democracia. Para os militares tudo é permitido. Tirar uma presidenta eleita do poder, desrespeitar a Constituição Federal, prender sem provas um ex-presidente da República, o melhor. Para os militares é permitido vender a soberania da Nação, vender o sustento do povo brasileiro, e é permitido manter uma quadrilha no governo central que trama na calada da noite contra o povo.
Só não permitem a esquerda voltar a governar este país. Só não permitem que o povo escolha livremente o representante natural da democracia, da ordem, da conciliação e do progresso do Brasil. Para isso estão mantendo preso o Lula, única liderança popular já eleita antecipadamente à presidência da República para 2019.