ENTRE PERDIDOS E ACHADOS
Por Luiz Francisco Guil
Tenho visto muito esquerdista na rede social dizendo que não devemos criticar a esquerda. Devemos, sim, incentivar, dar força. Mas numa guerra, sempre que um batalhão leva chumbo e recua, deve rever seus estratagemas, tentar entender os motivos da derrota, para somente então voltar ao campo. Pois se avançar com a mesma estratégia anterior, será novamente rechaçado!
Até este momento tenho visto muita gente detonando os “coxinhas”, com seus deputados vendidos, seus senadores comprados, seu presidente alugado. Mas vejo muito pouco autocrítica. Devemos antes de tudo pensar no que estamos fazendo de errado e que terá consequências danosas lá adiante! Creio que o que mais nos falta é um olhar mais inteligente sobre o lado de lá. Porque do lado de lá, como do lado de cá, o que existe são pessoas. E pessoas, até onde entendi, são os seres mais perdidos jamais vistos neste planeta perdido!
Você já pensou se Mayweather e McGregor tivessem unido suas famas para dar início a um projeto de florestamento do deserto no entorno de Las Vegas? Teriam levantado R$ 1 milhão em patrocínio? É duvidoso. Mas para socar a cara do adversário até arrancar sangue e levá-lo ao chão, eles movimentaram cerca de R$ 1,9 bilhões! Em torno do Planeta, bilhões de pessoas assistiram à luta e ficaram torcendo para jorrar sangue e ver um homem caído no ringue!
Sim, a humanidade é estranha. Ela age como um adolescente perdido, sem norte, sem oriente. Somos muito estranhos. Estranhíssimos. Ainda não sabemos sequer o que estamos fazendo aqui, mas falamos com muita propriedade sobre o quanto os do lado de lá são bestas, brutais, impiedosos, egoístas, etc.
O pouco que sabemos sobre nós mesmos mostra que precisamos dar uma olhada além das nossas trincheiras para ver o que está acontecendo. Quem está lá? Nossos inimigos? Ou nossos irmãos, nossa mesma humanidade?
Sabemos que boa parte do “lado de lá” é composto por pessoas egoístas, traiçoeiras, mesquinhas. Pessoas que veem o mundo como um campo de batalha, que vivem como May-Mac numa luta esganiçada pelo dinheiro, tirando sangue dos adversários para subir mais um degrau na escala socioeconômica.
Mas nem todos são assim. Há pessoas dignas e generosas que votaram no Aécio. Há milhares de pessoas incapazes de matar uma mosca, mas que votarão no Bolsonaro (se ele não for preso por estupro antes das eleições).
Os marqueteiros de esquerda devem olhar com mais profundidade as carências dos brasileiros que votam na direita. Há muita coisa ainda a ser compreendida, antes alcançarmos o coração dos desavisados que votam em bandidos, em capachos dos Joesleis, em compradores de votos e toda essa canalha que ressurge a cada quatro anos nas esquinas da cidade e nos programas de propaganda gratuita, mostrando suas caras de anjo.