CAPITULAÇÃO
Por Sérgio Arruda
Ainda que contrariada. Quem como eu tem DNA por vir da primeira metade do século passado, deve estar em situação semelhante. Sinto-me como defrontando o imponderável. Como um tsunami, uma erupção violenta de vulcão. Vi, no trilhar de minha vida, os altos e baixos, vermes políticos de cores variadas, raros probos e muitos vorazes por suas causas pessoais.
Vivi a banda de música da UDN com cáusticos e enganosos bacharéis a pregar contra Getúlio até sua morte e se refugiarem após. Vi e cri em pregação de um Jânio que em crise de 'delirium tremens' acreditou em sua visão de forças terríveis.
Vi uma nesga nos céus a permitir que uma pregação de cunho humano como foi Jango, que tinha assessoria respeitável e vi, para meu máximo desencanto, a vergonhosa adesão das "nossas" ditas fardas brasileiras aderirem com malas e bagagens à bandeira dos EUA em 1964 (apesar da dúvida legitima de TODOS estarem como o Kruel, sob suborno). Mas em todas as articulações havia ao menos uma projeção, mesmo falsa, de que pretendiam o bem do Brasil.
Senti vergonha de ter o chulé dos políticos brasileiros - FHC - envergonhar a todos com sua entrega do país. Já nem esperava muito e por defesa de saúde, estava me alienando e sem pensar na vida nacional. Mas, nisso, surgiu a figura de Lula. Impressionei-me com seu tirocínio desde sua campanha ao governo de São Paulo, quando frente aos "doutores" Maluf ou Montoro, venceu em intelecto e sinceridade.
E em sua carreira chegou a presidência quando mostrou-se de corpo e alma como raro brasileiro em sua altivez que corrigiu o conceito de capacho deixado pelo nefando que o antecedeu. Vi pela glorificação de seu governo que o povo gosta do Brasil, de verdade e não como os mercenários fardados. Mas, como disse no início, veio como vingança do capital internacional o tsunami que se expressou na infame campanha do golpe atual.
Tudo começou com planejamento hábil. Sutilmente os EUA formaram um juizeco nas artes de sabotador, via CIA/FBI, em paralelo ao mercenarismo que encantou os togados que se venderam pelo canto de sereia da FIESP em que Circe era o skafajeste . Foi uma hecatombe. Sob coordenação competente o maestro Tio Sam dirigiu a mídia que fez papel de 'spalla' e todo o organograma seguiu.
Vi e vimos todos, insolentes juízes se apossarem de salários imorais seguidos de procuradores, deputados e senadores como saqueadores na pilhagem e satisfeitos todos porque se despediam da falsa moralidade que fingiam ter. Era mesmo a despedida de tudo porque tudo o que sobrou no pós FHC seria desta feita entregue... Não só empresas de base como estaleiros e de construção que tinha a seu cargo submarino e outras que sustentavam meios para a Petrobrás e já se mirando no BB e mais pilares que sustentavam o país.
Se fez o fim da HONRA, de sentimentos vis como PÁTRIA, de DECÊNCIA de mais predicados que antes tinham alinhamento a VALOR. Visto que no rescaldo desse incêndio em que nada se fez para conter, ainda há os que estão sem constrangimento catando o lixo semi queimado para sua promoção, como um militar que deve honrar seu grupo pelo fascismo, um picolé e uma doriana. Democraticamente, só me vem uma frase atribuída a Cristo e que me serve de despedida - MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO...
Foto: Correio Popular