ARTES, FILÓSOFOS E CRIMES
Por Sérgio Arruda
A história nos mostra que um percentual ou maioria de artistas só obtiveram consagração após suas mortes. Isso se verifica na pintura, música, literatura, nos casos mais visíveis. Poucos compositores desfrutaram suas glórias em vida. Esse quadro repete-se com autores e outros, como se o tempo tivesse coautoria em suas obras.
MAS, há um ou outro cujas ideias são tão evidentes que pegam o tempo de surpresa e já são reconhecidos contemporaneamente. Hoje, eu citaria Tim Maia que, mediante exemplificação, aprofundou visão da sociedade que incide nos paradoxos que colocou - país em que prostituta se apaixona, cafetão tem ciúmes e pobre vota na direita etc. E CRIMES? Esse capítulo dos crimes se liga a partir de uma verificação da graduação respectiva. É que o crime maior a ser reconhecido com o tempo chama-se TRAIÇÃO...por que? Por não haver defesa, justa ou injusta, para suas vítimas. Por mais que se prepare o espírito para suportar a dor, até faquir pode sofrer o impacto do inesperado.
Quando uma pessoa se dispõe a arrostar uma tempestade, vê a intempérie, mas não conta ser apunhalada por seu acompanhante. Não à-toa vimos Cesar ser morto por Brutus, a França padecer sob Petain e o Cristo sob Judas.O pior, na configuração dessa violação de confiança é ela partir de onde nunca se supõe.
Quando nubentes se entregam com alma e juras não se pode pensar em má-fé..., mas é isso que se revela muitas vezes. Aos crimes, por nefando que sejam, há toda uma cultura de prevenção. Mas para a traição, nem as óperas ou literatura que a exploram ensinam um remédio. Daí minha conclusão que é o mais abominável de todos os crimes! Tivemos nós brasileiros neste ano da graça de 2016 o espetáculo dantesco de ver o cometimento desse crime em escala de beócios deputados+senadores+togados de instâncias várias apunhalando a lei e a sociedade!
Roubaram todos, os votos dados com esperança no futuro comum..., mas com agravante sádica. Tudo fizeram para benefício de inimigo que quer pôr suas patas em nossos meios e a todos subornou. Foi, dessa maneira, uma traição à sociedade a honra e aos princípios mais elementares da humanidade.
MORAL DA HISTÓRIA: é a ligação com a filosofia de Tim Maia sobre os paradoxos...os traidores, não contentes com sua própria TRAIÇÃO, entronizaram o símbolo mais representativo dela - colocaram um traidor máximo na cadeira da vítima - e ainda o cultuam como se fosse o bezerro de ouro cuja criação disfarça a desfaçatez como peneira para barrar a luz que os incomoda e os expõem -como catalisador que dê viés outro ao crime coletivo!
Foto:Gustavo Ludgero