AO DEUS DARÁ... LÁ SE VAI CAMINHANDO A HUMANIDADE
Por Renato Uchôa (Educador)
Para além de qualquer sentimento de vingança... Quando os filhos são dos outros, a história da humanidade não evoluiu um vintém. As matanças são normais, banalizadas de acordo com os interesses de quem controla a riqueza. A mídia também. De qualquer forma, justificadas ao som da reza. Pacote fechado no balcão de negócios são bombas e tiros para todos. Princípio “democrático” na área da guerra utilizada pelos camelôs das armas. Vendem bilhões nas invasões dos países alheios.
É corpo para todos os lados. A violência atinge o ápice da barbárie. As reações contrapostas não poderiam ser diferentes. Um país invadido, ocupado por outro opressor, que usa a força bruta, o terror como arma na prática de genocídios não consegue dominar eternamente. Cedo ou tarde, a reação é brutal. Daqueles que se sentem humilhados. Na regressão do processo de civilização, ao que parece em grande parte dos países, a selvageria não é privilégio de uma nação. Pelo contrário, é de todas e de todos.
Apenas um exemplo. A ação da França na Argélia, (1955-1962), com destaque para os anos 1957/1958, os generais Jacques Massu o carrasco de Argel, comandante dos paraquedistas, e Paul Aussaresses, o encarregado da institucionalização da tortura por lá, devem ter confessado no inferno mais de 10 mil degolas (1,5 milhão de argelinos mortos). Afirmou certa vez a uma jornalista que o ditador Figueiredo do Brasil era o chefe dos esquadrões da morte.
Para o registro na história, Paul Aussaresses ensinou aos militares brasileiros a Arte da Tortura (o savoir-faire). Contribuiu tanto na Argélia como aqui na implantação e consolidação de um dos crimes mais cruéis sobre um ser humano. Quando o corte e exposição macabra de cabeças; não difere do golpe das Volantes nos seguidores do Capitão Virgulino (Lampião); ou nos de Zumbi dos Palmares. A carne do pescoço é a mesma para a espada ou o facão das camadas dominantes.
Existem milhares de almas sem cabeça no nordeste de Padim Ciço. No país inteiro. Índios, brancos pobres, negros, mulheres, uma legião de deserdados decapitados de várias formas. Ao gosto das elites de plantão. Diferem nos milhares de mortos, dependendo da época em cada país. No plano individual, que se tornou uma histeria coletiva, em direção ao pescoço errado. Quem não gostaria de matar o estuprador? Quem não gostaria de tirar o couro do assassino do filho? Quem não gostaria de rachar a cabeça do matador da mulher? Quem não gostaria de aplicar 40 chibatadas no espinhaço do namorado ou marido traidor? Parabéns! Pra você, se pensa assim. É o lado perverso preservado, que corre no sangue da história da humanidade.
Intacto. Conservado. A pena de morte, aplicada aos diversos crimes, nas diversas modalidades de Assassinatos Institucionais, nos diversos países que a adotam, é prova de que a sociedade mantém a barbárie, quando se iguala ao criminoso. Contra todas as formas de genocídios praticados pelas potências capitalistas aos povos do mundo inteiro, particularmente os bombardeios criminosos sobre os povos do Oriente Médio…Contra a degola institucionalizada nos presídios brasileiros que mais parecem o inferno aqui na terra. Contra até a morte natural.