A GERAÇÃO DO ÓDIO E PRECONCEITO
Por Márcia Tigani
A sociedade brasileira de fato está muito adoecida. Falo do ponto de vista de uma patologia social que se aprofunda a cada dia, que se chama FASCISMO.
Do ponto de vista psiquiátrico, os diagnósticos médicos servem para indivíduos apenas, não para grupos. Mas do ponto de vista da organização social, da ideologia política que se expande dia a dia em qualquer camada social, identificada com a truculência, a desigualdade e a violência, a sociedade brasileira está muito comprometida.
As causas não são apenas decorrentes do golpe midiático-legislativo-judiciário hora em curso no país, mas são potencializadas por ele. Ninguém virou fascista só a partir do golpe: as sementes do fascismo foram lentamente plantadas no cérebro dos indivíduos. E agora dão seus " frutos" nefastos: é decretada a pena de morte nos presídios brasileiros e o cidadão comum se regogiza disto.
A homofobia se oficializa em cada indivíduo morto porque é homossexual e o cidadão brasileiro vibra. Índios são abertamente hostilizados em programa de TV e ruralistas elevados à maior grau de importância por jornalistas de direita, e o cidadão brasileiro concorda. O cidadão a que me refiro é a massa, a tal massa de manobra que apoiou golpe contra presidenta honesta e saiu às ruas pedindo intervenção militar e a ajuda dos EUA para tirar do poder presidenta e partido eleitos democraticamente.
Vejo adolescentes apoiando as falas nazifascistas de Bolsonaro. Convivo com pessoas que tiveram as mesmas oportunidades educacionais que tive em escola, mas que por conta de sua alienação televisiva e cultural tornaram-se abertamente fascistas. E convivem no mesmo espaço que eu, o que me traz extremo desconforto: viver e conviver com pessoas reacionárias, que pedem a volta da ditadura, que elevam Sérgio Moro a seu ídolo e que preferem seu país destruído apenas por quererem detonar um partido, confesso que me deprime.
Partido este que aproximou as classes sociais, elevando pobres à classe média, investiu pesado em programas sociais da magnitude de um Bolsa Família (copiado por diversos países) e que retirou milhares da miséria secular em que viviam, eliminando a fome. O que restou do meu país depois da deposição de Dilma Roussef é objeto para estudos sociológicos aprofundados: um país que caminha célere para a autodestruição, como uma autofagia, sob olhares apáticos e permissivos de quem vivenciou na pele a saída da miséria, mas não sabe como reagir.
O fenômeno é quase comparável à uma psicose coletiva. Imagino de onde venha a apatia, abulia e alienação da massa: foram décadas após o último golpe, sendo doutrinados pela Rede Globo e outros meios de comunicação, numa constante "lavagem cerebral" potencializada pela decadência da educação brasileira nas escolas públicas. A geração zumbi deixou de usar a massa encefálica: repete como bonecos de ventríloquos o que leem na revista Veja e o que assistem no Jornal Nacional.
O país sendo destruído em 8 meses de desgoverno golpista sob olhares permissivos. A barbárie sendo oficializada sob olhares que consentem com a violência às minorias. O Pré-Sal que garantiria a elevação das futuras gerações a níveis educacionais de primeiro mundo, rapidamente vendido a preço de banana, e o brasileiro classe MÉRDIA calado, e o pobre calado, e a " esquerda" brasileira apática. Pobre nação zumbi , sociopatizada e entregue à fantasia, ao delírio e ao fanatismo religioso.
Foto: Plantão Brasil