Blá-blá-blá
Por Vânia Farhat
O discurso da crise, que na verdade vem introduzido pela conjunção concessiva "apesar da" na maioria das notícias, já está se tornando vexatório. Quando o Nordeste amargava a seca, a miséria e o abandono não se via azelite indignada, não se ouvia bater de panelas e nem movimentos em prol de erradicação da desigualdade pungente dos dois "brasis" de então. Hoje o que acontece na verdade é que as oportunidades foram pulverizadas, distribuídas, e isso vem causando muito incômodo. Hoje os nordestinos não precisam mais vir para São Paulo e submeterem-se a subempregos e nem para terem acesso a universidades públicas ou privadas boas. Enquanto houve um notável desenvolvimento das outras regiões, o paulista na sua prepotência e arrogância fez questão de estagnar e deixar a banda passar acreditando numa pseudosuperioridade que promove ondas separatistas e xenofóbicas. Acostumado a viver em zonas de conforto não se preocupou em se informar melhor nem refletir, acreditando que lutar por um país melhor consiste em vestir uma camiseta da CBF e ir para a Avenida Paulista fazer selfies para as redes sociais. Quem acredita na crise hoje não sabe o que é crise. Das duas uma, ou é muito jovem e não estudou a História recente do país ou a lavagem cerebral foi tão grande que perdeu a memória.